terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Uma Convenção vitoriosa

Novo Diretório Municipal do PSOL em Marabá - Pará

No dia 01/12 foi eleita à nova Direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em Marabá. Segundo a professora Joyce Cordeiro Rebelo presidenta eleita do partido no município “A Convenção reafirmou politicamente o compromisso de nosso partido, frente à traição do PT e de Lula aos interesses dos trabalhadores, a necessidade de seguir organizando a luta do povo pobre de nosso país por emprego, salário, saúde, teto, terra, educação, transporte e serviços público de qualidade. Debatemos e deliberamos o apoio aos trabalhadores em sua luta por reajuste salarial; o apoio a luta dos estudantes por transporte público e uma educação de qualidade, colocar nossa militância na linha de frente na luta pela reforma agrária e contra o latifúndio; na luta contra o trabalho escravo, o trabalho infantil, a prostituição; nosso partido reafirmou que é contra a divisão de nosso Estado, portanto contra a criação do Estado de Carajás e o mais importante a necessidade de desenvolver uma ampla campanha pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce”.

Com o lema Educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar, aborto seguro para não morrer! O PSOL em Marabá deliberou também entrar na campanha nacional pela legalização do aborto. O PSOL votou que é oposição de esquerda implacável ao governo de Ana Júlia (PT/PMDB) e ao prefeito Tião Miranda, e resolveu que disputará com candidatura própria a prefeitura de Marabá e que não medirá esforços no sentido de reeditar a Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB) que lançou nas últimas eleições a candidatura da ex. senadora Heloisa Helena para presidenta do país.

Segundo o Membro da Direção Nacional e Secretário Geral do PSOL no Estado Douglas Diniz, que esteve presente na Convenção, juntamente com Pedro Maia, Francisco Lopes e Cedicio de Vasconcelos que fazem parte do Diretório Regional do partido, “a Convenção do PSOL em Marabá, pela importância do município na região sul e sudeste do Estado, nos coloca diante de enormes desafios como o de avançar na organização do partido em toda região. O povo do sul e sudeste do Pará, aqueles que lutam contra os desmandos das oligarquias locais, poderão contar em suas lutas cotidianas com nosso partido contra as injustiças sociais”.

O Diretório Municipal do PSOL eleito em Marabá será composto por: Joyce Cordeiro Rebelo – Presidenta; Julio Cezar Costa – Secretário Geral; Abdik Araújo dos Santos – Secretário de Finanças; Wilson Batista Simões – Secretário de Movimentos Sociais e Edvaldo dos Santos Viana – Secretário de Formação e Direitos Humanos; que conformam a executiva do partido, além dos membros: André Vinicius Moraes e Diomedes de Souza Campos. São suplentes do Diretório: Bento Ferreira da Silva, Joana Almeida de Oliveira e José Alberto Paiva Brito. Na Ocasião também foi eleito o Conselho fiscal e a Comissão de Ética do Partido.

Violação aos direitos humanos no Pará:

A Responsabilidade da governadora petista Ana Júlia Carepa

No depoimento prestado ao Conselho Tutelar de Abaetetuba no dia 14/11 acompanhada de um agente prisional e do delegado Fernando Cunha, a adolescente L.A. B relatou o verdadeiro inferno que passou aos estar presa por 30 dias, com 20 homens em uma única cela. “Eles diziam ‘tu vai ficar com fome? ’ Aí eu ia com eles. O melhor dia é quinta-feira, porque as mulheres deles vêm, e aí eu fico livre”. Situação absurda como essa não é fato único no Pará. Depois que o caso foi denunciado, pelo menos mais três casos de mulheres na mesma situação, em menos de 48 horas, vieram à tona.

A mais grave foi de uma jovem de 25 anos, em Parauapebas, município administrado pelo PT que permaneceu em cárcere com 70 homens durante 45 dias; soma-se a essa situação a do município de São João de Pirabas onde a presa Vanilza Barros foi colocada em outubro desse ano, com seis homens numa cela após negociar fazer massagem nos pés do Delegado Local, Carlos Pereira. Na mesma delegacia ainda em outubro, Raimunda Silvia dos Santos, 28 anos, também foi encontrada na mesma situação.

Do inicio do ano até o mês de outubro, a Divisão de Crimes Contra a Integridade da Mulher recebeu 8.869 denuncias de mulheres vitimas de violência domestica ou sexual somente em Belém. No entanto, poucos casos foram apurados, o que demonstra a falta de responsabilidade e a monstruosa política de desrespeito aos Direitos Humanos por parte do Governo do Estado do Pará, cuja governadora é a petista Ana Júlia Carepa.

A declaração de Márcia Soares – Subsecretária Adjunta de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente, ligada à Secretária dos Direitos Humanos da Presidência da República de que a “política de misturar homens e mulheres no Estado é recorrente” e de que “as pessoas ligadas aos direitos humanos vinham fazendo denuncias, mas sem repercussão alguma” é o reconhecimento de que nada mudou com o Governo do PT/PMDB em relação aos 12 anos dos corruptos e truculentos governos dos tucanos responsáveis pela chacina de El Dorado dos Carajás.

A Governadora Ana Julia, diga-se de passagem, apoiada por Jader Barbalho com longa folha corrida na justiça brasileira devido a desvio de dinheiro público, e que “tolerou” durante os anos em que governou o Estado a prática de trabalho escravo nas fazendas de correligionários, declarou a imprensa nacional que “infelizmente, casos de mulheres presas em celas com homens existe mesmo”. Portanto está certa a jornalista e cientista política Lúcia Hipólito ao afirmar que “se a governadora já tinha conhecimento do ilícito e não tomou providência para impedir que voltasse a acontecer, ela incorreu em crime de responsabilidade, que é mais do que suficientemente para servir de base para o pedido de impeachment.”.

A governadora petista, em recente nota publicada nos principais jornais do país afirma “que em nenhuma situação tolerará violações aos direitos humanos, sejam cometidos dentro ou fora de órgãos administrativos”. No entanto, esta afirmação não corresponde à realidade vivenciada no Estado. Que o digam os mais de 100 presos no processo de desocupação da Fazenda Forquilha ocupada por trabalhadores rurais no município de Santa Maria das Barreiras no Sul do Pará. No dia 19/11 sob o nome de uma operação denominada “Paz no Campo”, foram cometidos todo tipo de atropelos aos direitos humanos, como espancamentos, socos, pauladas, ripadas, chutes, afogamentos e tentativa de asfixia com saco plástico, tudo bem ao estilo do filme Tropa de Elite. Esta ação foi denunciada pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Redenção, sem que até agora nenhuma providência fosse tomada; ao contrário os que ainda continuam presos estão sendo denunciados em uma campanha difamatória oficial por formação de quadrilha.

A Governadora Ana Júlia não só desrespeita os direitos humanos: ela alimentou esse desrespeito quando ao assumir o governo criou a ROTAM, extinta PATAM (Policiamento Tático Metropolitano) denunciada pela Anistia Internacional como uma das polícias mais violentas do Brasil em sua responsabilidade por conter supostos “distúrbios sociais”. É a Rotam que tem reprimido as ocupações urbanas e a luta pelo direito a moradia na região metropolitana de Belém; as greves de servidores públicos, rodoviários e operários da Construção Civil. É a Rotam que tem fechado bairros inteiros de Belém, igualando cidadãos comuns e honestos a criminosos e a bandidos.

O Pará que lidera a macabra estatística nacional de assassinatos de trabalhadores rurais e trabalho escravo e vê crescer de forma alarmante, diga-se de passagem por falta de uma política séria de geração de emprego e renda, a prostituição infanto-juvenil e o trafico de mulheres, não pode continuar tratando seus problemas sociais com repressão e violações aos direitos humanos. “Garantir Tranqüilidade de todos e todas no campo e na cidade, com profundo respeito aos direitos humanos” como afirmou a Governadora em apressada visita ao Presidente Lula para solicitar verbas não pode ficar só no discurso ou na construção de alguma unidade penitenciária. É urgente organizar os setores democráticos da sociedade, os trabalhadores do campo e da cidade e suas entidades, os estudantes, os profissionais, os setores populares, os familiares das vítimas, para organizar uma poderosa mobilização social e exigir a investigação até as ultimas conseqüências assim como a punição dos responsáveis destas brutais violações aos direitos humanos.

Os problemas do Pará são parte e o reflexo dos problemas do país em que vivemos; o Governo do Pará é a cópia manchada de sangue da falta de compromisso com os de baixo e da traição promovida pelo PT ao chegar ao governo.

Babá – é ex. Deputado Federal e membro da Executiva Nacional do PSOL.

Douglas Diniz – Secretário Geral do PSOL Pará

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Sugestão de leitura: ainda restam dúvidas?

Muito bom o artigo de Clóvis Rossi públicado hoje (29/08) na Folha de São Paulo, é só conferir http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2908200703.htm Não restam dúvidas de que falta muita gente sentar no banco do réus. No país de mensaleiros, sanguessugas, gafanhotos e bois voadores ainda se tem muito o que fazer.

Por uma nova central classista e de luta


“A REFORMA da previdência evidenciou a falência da velha direção. Agora é necessário avançar na unidade e construir uma nova central sindical”
POR DOUGLAS DINIZ
Membro da Direção Nacional e
Secretário Geral do PSOL/PA

Os ataques promovidos pelo governo Lula, no sentido de retirar direitos e conquistas dos trabalhadores, infelizmente encontrou na direção da CUT uma grande aliada. Foi assim na aprovação da reforma da previdência, no projeto do governo sobre reforma universitária e agora na tentativa do governo de aprovar a reforma sindical e de regulamentar o direito de greve.

O que está por trás do governismo da CUT são os altos salários e as mordomias provenientes dos inúmeros cargos de confiança ocupados por dirigentes da Central nas esferas do governo bem como nos fundos de pensão. Atuando como apêndice do governo a direção da CUT se afastou das bases, de suas necessidades e de suas lutas, deixando definitivamente de cumprir seu papel como representante dos trabalhadores.

A luta contra as reformas do governo Lula abriu uma nova etapa na organização dos trabalhadores brasileiros. As votações das assembléias de servidores públicos que desautorizavam a CUT a negociar em nome da categoria permitiu iniciar a construção de uma nova direção sindical para os trabalhadores brasileiros. Desde o Encontro de Luziania onde se lançou a idéia de construir uma Coordenação Nacional de Lutas – Conlutas – que organizasse o enfrentamento ao governo de forma autônoma e independente, a batalha por construir
uma nova Central Sindical tem ganhado peso e influência nos setores mais combativos da vanguarda do campo e da cidade. Também na juventude, a necessidade de se ter uma nova direção para as lutas e mobilizações como contraponto à direção majoritária da UNE tem encontrado simpatia.

O encontro nacional sindical de março em São Paulo, da qual participaram a Intersindical, a Corrente Sindical Classista (PCdoB) e o MST permitiram unificar as importantes lutas que ocorreram nesse primeiro semestre e foi um importante passo nessa direção.

Entretanto as jornadas que envolveram servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada contra o governo não tiveram um fio de continuidade. Faltou uma orientação mais ofensiva que procurasse responder também aos fatos políticos ocorridos na conjuntura como a luta dos controladores de vôo, o caos aéreo, a corrupção no senado e o acidente do Airbus da TAM em Congonhas.

Abster-se de intervir nessa situação procurando ampliar o questionamento ao governo e ao regime, facilitou a setores da oposição de direita, bem como a CUT, sair às ruas, procurando responder cada um a sua forma e de acordo aos seus interesses.

Dar prosseguimento nesse segundo semestre ao movimento unitário de apoio às lutas e campanhas salariais, bem como as mobilizações por melhores condições de vida ao conjunto da população é o desafio que está colocado.

Cercar de solidariedade e apoio político as lutas das campanhas salariais em curso, bem como preparar a marcha nacional contra o governo votado no encontro nacional sindical, devem servir para impulsionar ainda mais a luta.

O governo, os partidos de sua base de sustentação no congresso nacional, bem como as elites, tentam desviar as atenções para o calendário eleitoral. Esta disputa será importante mas não está colocada nesta conjuntura, por isso neste momento é secundária diante dos desafios políticos colocados.

A batalha pela unidade da Conlutas e da Intersindical na perspectiva de uma nova central sindical abre a perspectiva de derrotar o governo Lula e seus burocratas traidores para pavimentar a construção de uma alternativa verdadeiramente de classe. Essa nova ferramenta, que outorgue às bases dos sindicatos o poder de decisão política sobre os rumos que deve ter a luta deverá servir de farol ao conjunto do movimento de massas, que dia após dia verá crescer a confiança de que a vida só muda com muita luta e mobilização.

É necessário unir todos os que lutam contra o governo. Essa central sindical além de autônoma deve ter como uma de suas marcas centrais a democracia interna, garantindo às bases o poder de decidir sobre tudo. O respeito às decisões das assembléias, a transparência financeira, o rodízio de dirigentes nos cargos de direção, bem como uma estrutura que permita agrupar o movimento estudantil e popular, sem tirar ou questionar o poder de decisão das entidades sindicais é mais que necessário.

Suspender o pagamento dos juros das dívidas externa e interna para garantir emprego, salário, saúde, teto, terra, educação, serviços públicos de qualidade; a luta contra as privatizações e o respeito às minorias, contra qualquer forma de discriminação sexual, étnica e racial, bem como o internacionalismo será parte de um programa, que na luta contra a propriedade privada, o lucro dos bancos, os monopólios e o latifúndio permita abrir caminho para o poder verdadeiramente dos de baixo rumo ao socialismo.

Carta de Servidores do INCRA sobre ação do MPF em assentamentos

A imprensa tem dado grande destaque a ação do Ministério Público Federal (MPF) sobre possíveis irregularidades em assentamentos rurais no oeste do Pará. Esclarecedora a carta assinada pela ASSINCRA (Associação dos Servidores do Incra) sobre o assunto.

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/757/

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Justiça mantêm reajuste das passagens de ônibus

A Juiza Rosileide Maria Filomeno, titular da 3ª Vara Cívil da Fazenda Publica da capital, julgou ontem (27/08) improcedente a ação do Ministério Público contra o reajuste das passagens de ônibus em Belém.
Com essa decisão quem perde é a população pobre de Belém que continuará a desembolsar todo mês 18,95% do salário mínimo segundo o DIEESE.
Para discutir os próximos passos da campanha "Aumento da passagem de ônibus: Sou Contra" ocorrerá no dia 30/08 (quinta-feira) às 18 horas na sede do SINTSEP/PA (Av. Mauriti, 2239 - próximo a Duque de Caxias) debate com a presença de Marcio Amaral Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM) e de Fernanda Bandeira Coordenadora Geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFPa) e da Direção da União Nacional dos Estudantes UNE.
Segundo a direção do SINTSEP-PA que organiza o debate, o objetivo dessa iniciativa não é discutir somente as tareifas de õnibus, mais também a situação do transporte coletivo na grande Belém.



Atividade: Debate "A situação do transporte coletivo na grande Belém".
Local: Sede do SINTSEP/PA (Av. Mauriti, 2239, próx. a Duque de Caxias) às 18 horas
Presença: Marcio Amaral (Presidente do SINTRAM) e Fernanda Bandeira (DCE-UFPA)
Contatos: (91) 8193-9132 ou (91) 9989-0054 e-mail: marcio_rod@yahoo.com.br e nanda_luc@yahoo.com.br.

Em defesa da autonomia sindical

Ocorrerá hoje (28-08) às 16 horas em frente a embaixada da Venezuela em Belém-Pa, a entrega de uma declaração política em defesa da autonomia dos sindicatos na Venezuela. Assinada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (SINTSEP-PA) e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM), o texto vai subscrito também por dirigentes do SINTUFPa, DCE UFPa e de Centros Acedemicos da UNAMA, CESUPA, UFPA e grêmios estudantis.

Ao: Presidente da República Bolivariana da Venezuela

Nós dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM), do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (SINTSEP-PA) e do Sindicato dos Trabalhadores da UFPa (SINTUFPA), frente aos graves fatos ocorridos no dia 21/08 quando dirigentes sindicais do serviço público ligados a UNT/C-CURA tentaram entregar na sede do Ministério do Trabalho sua proposta de Contrato de Trabalho, onde na ocasião foram desrespeitados seus direitos consagrados nas convenções internacionais do trabalho (OIT), vemos com grande preocupação os fatos ocorridos na ocasião, que de acordo com relatos dos dirigentes da UNT/C-CURA foram desrespeitados inúmeros direitos humanos e constitucionais.
Nós, abaixo assinados, solicitamos do governo venezuelano que receba as reivindicações desses trabalhadores, ao mesmo tempo que nos solidarizamos com sua luta em defesa de seus direitos e conquistas, bem como queremos mostrar nossa contrariedade a qualquer tentativa de criminalizar as lutas sindicais e sociais em vosso país.

Pelo livre direito de organização sindical!
Em defesa da autonomia sindical dos trabalhadores Venezuelanos!
Viva a luta do povo venezuelano contra os imperialistas e os capitalistas!

Belém-Pa, 28 de agosto de 2007.
Assinam:

· Neide Rocha Cunha Solimões – Coordenadora Geral do SINTSEP/PA e Dirigente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais ( CONDSEF ).
· Aguinaldo Barbosa, Cedício Vasconcelos, Gerson Lima, Paulo Moacir Nonato, Francisca Queiroz, Edna Carvalho, Marcus Rubens, Emanuel Vitelli, Rozemburgo Souza, Paulo Moraes, Regina Brito – Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (SINTSEP-PA);
· Márcio Amaral – Presidente do SINTRAM
· Reginaldo do Socorro, José Iran Nascimento, Luiz Fernando Maria, Genivaldo Oliveira, Delson Lima Ferreira – Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba – SINTRAM;
· João Santiago – Coordenador Geral do SINTUFPA
· Kátia Rosangela, Afonso Modesto, Elenice Lisboa – Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da UFPa;
· Sílvia Leticia, Andréa Solimões, Carlos Alberto, Miriam Sodré, Eliana Formigosa – Delegadas Sindicais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (SINTEPP);
· Iano do Socorro e Joel Cruz – Membros da Oposição da Conlutas no SINDIVIPA;
· Fernanda Bandeira – Coordenadora Geral do DCE da UFPA e Membro da Direção Nacional da UNE;
· Carlos Moreira, Zaraia Guará, Gilson Pantoja – Diretores do DCE da UFPA;
· Mauricio Santos e Talison – Conselheiros Estudantis no CONSUN da UFPA;
· Felipe Melo – CA de Comunicação da UNAMA;
· José Antonio – CA de Direito do CESUPA;
· Raoni Lopes – Diretor do Grêmio Estudantil Mamirauá

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Estudantes e trabalhadores protestam contra reajuste das passagens

Na manha de hoje 10/08 cerca de 800 estudantes universitáros e secundaristas, bem como trabalhadores rodoviários e servidores públicos realizaram ato público contra o reajuste das passagens de ônibus. O ato começo na escola Pedro Amazonas Pedroso (CEPAP) percorreu toda a Almirante Barroso, durante o ato público se juntaram estudantes das escolas Souza Franco, Paulino de Brito e CEFET, gritando palavras de ordem contra o prefeito de Belém Duciomar Costa (PTB) o ato terminou em frente a Escola Deodoro de Mendonça.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

1º Congresso Estadual do PSOL Pará - saudações a quem tem coragem.

Ocorrerá nos dias 17, 18 e 19 de agosto, na Câmara dos vereadores de Belém, o 1º Congresso Estadual do PSOL Pará. Será um momento muito importante na vida de nosso jovem partido. Estará em pauta - além de discussões de como melhor intervir na realidade brasileira e aproveitar as oportunidades de consolidar essa nova ferramenta política dos trabalhadores -, o debate sobre que tipo de partido o povo pobre necessita para organizar sua luta contra Lula e Ana Júlia, que aplicam o projeto neoliberal, retiram direitos e conquistas dos trabalhadores e criminalizam suas lutas e mobilizações.
Vivemos um momento muito importante em nosso país. Abre-se um espaço maior de contestação ao governo e ao regime. Os recorrentes escândalos de corrupção, o caos aéreo seguido do acidente com o Airbus da TAM, bem como um primerio semestre de luta contra o governo e suas políticas, nos colocam diante de enormes possibilidades neste segundo semestre que, se bem aproveitadas, nos permitirão avançar ainda mais em nossa consolidação como projeto alternativo ao PT e demais partidos da ordem.
As inicativas dos parlamentares e da presidente de nosso partido, enviando para o Conselho de Ética do Senado pedido de investigação contra Renam Calheiros (Roriz já havia renunciado fruto de representação do PSOL), foi muito importante, mas não basta somente isso, pois a depender desse conselho, bem como de seus pares, o Renangate acabará em pizza. A iniciativa de coletar assinaturas exigindo a saída de Renan também foi muito importante, entretanto o povo está ressabiado do ocorrido nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Necessitamos fazer um amplo chamado à mobilização. Usar do prestígio adquirido nesse momento é muito importante. Percorrer o país, organizar atos públicos pela renúncia de Renan Calheiros, bem como exigir a punição dos responsáveis pelo acidente da TAM é uma tarefa que não pode mais esperar.
O partido que estamos construíndo tem uma boa e coerente presença no parlamento, mas não basta só isso. Necessitamos esparrarmar nosso partido nos excluídos, nos dar o desafio de ser parte objetiva, e disputar, com as falsas expectativas, as mentes e corações daqueles que se rebelam contra a ordem. É como dizem por aí: existem aqueles que desejam manter a 'ordem', nós queremos a 'desordem'.
Esperamos que o 1º Congresso Estadual do PSOL seja um exemplo de democracia e de debate político. Que nossa militância, inserida na luta do povo, possa nos dizer em alto e bom som QUE SÓ A LUTA MUDA A VIDA. Portanto, distantes de capitulações políticas tão comum em momentos como esse e meras disputas por aparato, o que realmente desejamos é que o PSOL se fortaleça. Por isso vamos fazer o bom Combate.

Ato público contra o aumento das passagens de ônibus

Está confirmado para essa sexte-feira (10/08) ato público contra o reajuste das passagens de ônibus. A iniciativa é do DCE UFPA, do Sindicato dos Trababalhadores no Serviço Público Federal (SINTSEP-PA) e do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM) e de outras organizações do movimento social.

"Esperamos com esse ato começar um processo de mobilização e conscientização da população que do jeito que está a situação não pode continuar. O reajuste foi um claro atentado contra o bolso do trabalhador da região metropolitana de Belém" Falou ao BLOG Neide Solimões que é Coordenadora Geral do SINTSEP-PA. Ela disse que diante do caos na saúde com o falecimento já de duas pessas em postos de saúde por falta de atendimento, e agora com o reajuste das passagens que contrariou dispositivos da Lei Organica do Município de Belém o SINTSEP-PA estuda a possibilidade de ajuizar ação contra o Prefeito Ducionar Costa (PTB) por crime de responsabilidade. "É do prefeito de Belém a responsabilidade do que vem ocorrendo nos postos de saúde, bem como é dele a responsabilidade de privar milhares de pais de familia de irem ao trabalho e as crianças de não irem a escola." O Ato público de amanhã sairá de vários pontos da cidade e terminará na Prefeitura de Belém.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Ato público contra o reajuste das passagens de ônibus

Está confirmado. Nesse domingo 05/08 ocorrerá na praça da república às 09 horas, ato público contra o reajuste das tarifas de ônibus da região metropolina. A atividade está sendo organizada pelo DCE da UFPA e já conta com a adesão de sindicatos importantes de nosso estado como o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (SINTSEP-PA) e do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM). O Partido Socialismo e Liberdade também se fará presente. Contamos com a presença de todos (as) e com a ajuda no processo de mobilização de nossos leitores. Nos encontramos lá!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Conselho de Transporte aprova passagem de ônibus a R$1,66

Caros leitores,

Ocorreu agora a pouco no Conselho Municipal de Transportes o que todos já estavamos esperando, ou seja, o aumento das passagens de ônibus (veja matéria abaixo). Temos que começar a preparar a resistência. Os estudantes universitários e secundaristas devem cumprir papel de vanguarda nesse processo de mobilização que deve arrastar o movimento sindical e popular organizado. Sem gente nas ruas de Belém e a depender de Duciomar Costa, Helder Barbalho e demais prefeitos da região metropolitana esse reajuste absurdo entrará rápido em vigor. é necessário tomar as ruas.



(Atualizada às 12h46) Em reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira (2), na Ctbel(Companhia Municipal de Transportes), o Conselho Municipal de Transportes aprovou o valor de R$ 1,66, proposto pela própria Companhia, para a passagem de ônibus de Belém. A proposta representa um reajuste de 23% aos atuais R$1,35, mas ainda depende de homologação do Prefeito Duciomar Costa.
Segundo informou assessoria de imprensa da Ctbel, a proposta foi aprovada por maioria dos votos dos conselheiros, sendo 9 a 6 e uma abstenção. Três, dos 16 conselheiros, faltaram à reunião.
A ata da reunião, contendo todos os assuntos discutidos no encontro e a decisão assinada pelo relator, Silas Ebenezer, será encaminhada ao Prefeito de Belém, ainda hoje. É de Duciomar Costa a decisão final, homologando, ou não, o valor proposto pelo Conselho. Não há prazo limite para que o Prefeito decida sobre a tarifa.
A proposta aprovada derruba a da Setransbel (Sindicato das Empresas de Transportes de Belém), que propôs o valor de R$ 1,73, num aumento de cerca de 28%.
Ainda de acordo com a Ctbel, não foi discutido valor exato da meia-passagem na reunião de hoje. A priori prevalece o regido por lei, 50% do valor da inteira, o que representaria R$0,83. Protesto - O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal do Pará, em parceira com várias entidades sindicais e estudantis, informou que está programando uma grande manifestação, para o domingo (05), na Praça da República. Será feita coleta de assinaturas para um abaixo-assinado pedindo o congelamento da tarifa, a ser entregue à Prefeitura de Belém.
Durante a próxima semana, essas entidades vão visitar escolas secundaristas chamando os estudantes a participar de um outro ato marcado para a próxima sexta-feira(10). 'O local ainda não está definido, mas podemos até fechar alguma rua, em protesto', afirmou um dos coordenadores do DCE, Fabrício Gomes.Análise - A proposta, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos), está acima da inflação. O trabalhador que apanha duas conduções por dia comprometerá 20,96% do mínimo, o que faz o gasto saltar de R$ 64,80 para R$ 79,68.
Um estudo divulgado pelo Departamento mostra que em um ano - entre maio de 2006, data do último reajuste, até julho de 2007 - a inflação ficou na casa dos 3,85%. O percentual elevaria a tarifa para, no máximo, R$1,40. O valor teria impacto mensal de 17,68% no salário mínimo, que este ano teve reajuste de 8,57%.
O mesmo estudo diz que tanto a proposta dos empresários, quanto a do órgão regulador de transporte na capital paraense, levaram em consideração apenas o equilíbrio financeiro das empresas. Além disso, a Lei Orgânica do Município prevê que o aumento da tarifa de ônibus seja baseado no poder aquisitivo da população, que pode ser mensurado pela inflação e pelos salários.
'É verdade que o reajuste apenas pela inflação fará com que a passagem de Belém continue sendo a mais baixa do país o que, sem dúvida alguma não trará grandes mudanças no atual perfil do sistema de transporte da capital, mas é verdade também que reajustes acima do poder aquisitivo da população como os propostos, além de trazer prejuízos do ponto de vista de impactos no bolso dos assalariados, também não mudará o atual sistema de transporte caso seja efetivado de forma isolada', ponderou o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena.
Redação Online

domingo, 29 de julho de 2007

EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS QUEREM TARIFA DE R$ 1,73

Transporte
Mas Ctbel defende reajuste menor. O aumento vai ser discutido no dia 2.

Na próxima quinta-feira, 2, o Conselho Municipal de Transporte de Belém reúne-se para discutir o reajuste das tarifas de ônibus urbanos da capital paraense. O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Belém (Setransbel) quer que o valor aumente de R$ 1,35 para R$ 1,73. A proposta da Companhia de Transportes do Município de Belém (Ctbel) é R$ 1,66. Fontes ligadas ao prefeito Duciomar Costa garantem, no entanto, que o novo valor da tarifa deve ficar em R$ 1,55.

A planilha de custos do Setransbel já foi protocolada na Ctbel e estabelece o valor de R$ 1,73, o que representa um reajuste de 28% no preço da tarifa. A justificativa do setor patronal para esta proposta é a defasagem do valor atual frente ao aumento de custos dos varios itens que compõem a planilha, com destaque para os combustíveis. Na sexta-feira, 27, a Ctbel apresentou a sua planilha técnica, com proposta de R$ 1,66 para o valor da passagem, um reajuste de 23% em relação ao atual. A reunião do conselho municipal foi convocada pela Ctbel para às 10 horas de quinta-feira. A idéia é que os membros do conselho discutam e, se possível, definam o valor da nova tarifa que será posteriormente encaminhada ao prefeito para a homologação.

De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) do Pará, Roberto Sena, o que chama a atenção nas duas propostas apresentadas é o percentual dos reajustes propostos e a diferença entre eles. 'A análise do Dieese do Pará é que as duas propostas ficam bem acima da Inflação acumulada no período', explica Sena.

A inflação estimada pelo Dieese do Pará para o período de maio de 2006 - data do último ajuste aprovado, quando a passagem dos ônibus urbanos da capital passou de R$ 1,25 para R$ 1,35 - a julho deste ano atinge 3,85%. Caso esse percentual fosse aplicado para reajustar as tarifas o valor da passagem ficaria em, no máximo, R$ 1,40, o que já provocaria um impacto mensal de 17,68% sobre o salário mínimo, reajustado em abril por um percentual de 8,57%.

Segundo as analises do Dieese, as duas propostas de reajuste das tarifas de ônibus urbanos levam em consideração apenas o equilíbrio financeiro das empresas por meio da recomposição dos custos planilhados, mas nenhuma das propostas atende à Lei Orgânica do Município que prevê que a tarifa em Belém tem que levar em consideração o poder aquisitivo da população, mensurado principalmente pelos índices de inflação e de recomposição salarial. Caberá ao conselho, na reunião de quinta-feira, bater o martelo sobre a questão.

'É verdade que o reajuste apenas pela inflação fará com que a passagem de Belém continue a ser a mais baixa do País o que, sem dúvida alguma, não trará grandes mudanças no atual perfil do sistema de transporte da capital, mas é verdade também que reajustes acima do poder aquisitivo da população, além de trazerem prejuízos do ponto de vista de impactos no bolso dos assalariados, também não mudarão o atual sistema de transporte, caso sejam efetivados de forma isolada', avalia o supervisor técnico do Dieese. Para Sena, mais do que discutir valor de tarifa, o importante é estabelecer um sistema de transporte mais equilibrado e que corresponda às necessidades da população.

Matéria publicada no Jornal O Liberal em 28 de Julho de 2007


sábado, 28 de julho de 2007

ORGANIZAR A LUTA CONTRA O REAJUSTE DAS PASSAGENS DE ÔNIBUS

O CAOS DO TRANSPORTE COLETIVO NA REGIÃO METROPOLITANA EM BELÉM
A capital do Pará tem vários problemas sociais e econômicos próprios de uma metrópole, um deles é a questão do transporte público. Além de ter um trânsito mal planejado, com uma estrutura viária que privilegia os bairros centrais, o sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Belém sofre de várias mazelas causadas pela omissão e inércia das autoridades diante da má exploração do serviço pelas empresas de ônibus, que só pensam no lucro, enquanto a população mais pobre, que depende exclusivamente desse meio de transporte para sua locomoção, amarga as péssimas condições de serviço impostas com a conivência do Poder Público, inclusive do Ministério Público do Estado, que tem o dever constitucional de proteger a coletividade.

EMPRESÁRIOS PEDEM REAJUSTE DE PASAGENS

O quadro é caótico: engarrafamentos intermináveis nos horários de pico; frotas defasadas, com veículos precários, que vivem quebrando; super-exploração dos rodoviários, que trabalham em péssimas condições; insuficiência de linhas e veículos,, etc... Esse quadro, por si só, torna incabível qualquer pedido de reajuste nas tarifas. Entretanto, o sindicato da patronal, o Setransbel, entrou, no início do ano, com um pedido descarado de reajuste de 28% no valor da tarifa, que, se aprovado, elevará, dos atuais R$ 1,35 para R$ 1,73, o preço da passagem de ônibus na Região Metropolitana.
Essa proposta indecorosa está prestes a ser apreciada pelo Conselho Municipal de Transporte, e depois pelo prefeito de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides. Mas, a julgar pelo histórico de bondades desses prefeitos para com os empresários, se a população não se organizar para barrar esse aumento vergonhoso e ilegal, as tarifas serão aumentadas. Por isso, os trabalhadores, os estudantes e os setores organizados e combativos do movimento social têm de desenvolver uma grande campanha em defesa de um sistema de transporte em que o usuário seja tratado com respeito e dignidade, chamando a atenção da população para o caos em que se transformou o transporte público na Região Metropolitana, e abrindo o debate sobre a “caixa preta” do transporte, que esconde uma série de interesses, inclusive eleitorais, que alimentam e mantém esse caos.

PREFEITOS SÃO CÚMPLICES DOS EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS

Não satisfeitos com dois aumentos em apenas quatro meses (abril e agosto de 2006), os donos das empresas de transporte resolveram novamente meter a mão no bolso da população: querem mais um reajuste, agora de 28%. Para isso, colocarão novamente em prática a operação “finges que não dá, eu finjo que não aceito”. As empresas pedem reajustes abusivos; a Prefeitura de Belém (como as demais da Região Metropolitana) diz que não vai dar o valor reivindicado, mas concede reajuste generosos, sempre acima da inflação. Um exemplo de como funciona o esquema: em abril do ano passado, foi votado e aprovado (pelo Conselho Municipal de Transporte) um aumento para R$ 1,36. O prefeito Duciomar Costa (PTB) vetou o reajuste e retirou R$ 0,11, mas aumentou o valor da tarifa de R$ 1,00 para R$ 1,25. Já em agosto, o Conselho aprovou aumento para R$ 1,48. Duciomar novamente vetou, mas deu aumento para R$ 1,35. Em ambos os casos, os valores ultrapassaram a inflação do período, o que é proibido pela Lei Orgânica do Município de Belém. Os prefeitos de Ananindeua, Marituba e Benevides fizeram o mesmo.

37 ASSALTOS POR DIA NA GRANDE BELÉM

Para os trabalhadores do setor rodoviário da Grande Belém, a insegurança no ambiente de trabalho é bem mais do que uma “sensação”. São 37 ônibus assaltados por dia entre Belém, Marituba e Ananindeua. “Tem ônibus que é assaltado duas, três vezes em questão de horas”, revela Márcio Amaral, presidente do SINTRAM - Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba. Um cobrador da linha Guajará-Ver-o-Peso afirma já ter sido assaltado 11 vezes, inclusive mais de uma vez no mesmo dia: “A gente trabalha pensando em não voltar pra casa à noite. Esse é um medo que está sempre conosco”. Os rodoviários que trabalham nas linhas mais críticas carregam consigo a certeza de que serão assaltados, que não podem reagir, que precisam aprender a ser humilhados, xingados e até apanhar de cabeça baixa, sob risco de morrer. Como se não bastasse, eles também são humilhados pelos empresários, que os obrigam a devolver todo o dinheiro roubado nos inúmeros assaltos.

Assaltados também pelos empresários

O SINTRAM tem denunciado essa situação. Algumas empresas fazem os descontos direto dos pagamentos semanais e ainda obrigam os trabalhadores a trabalharem até 18 horas por dia para pagar as dívidas. Tanta exploração fez com que os trabalhadores da linha Paar-Ver-o-Peso, (empresa Forte), paralisassem suas atividades diversas vezes em solidariedade aos colegas de trabalho assaltados.

Falta de banheiros nos finais de linha

Além de ganharem mal, suportarem uma jornada estafante de trabalho (às vezes sem receber hora-extra), tendo até que “virar serviço”, enfrentar a insegurança das ruas e serem obrigados a repor o dinheiro roubado, os trabalhadores rodoviários ainda amargam péssimas condições de trabalho, que incluem até mesmo a falta de banheiro no final de algumas linhas. A situação chegou a tal ponto que alguns trabalhadores têm que usar o banheiro dos barzinhos que ficam próximos às garagems, por falta de um local adequado.

QUALIDADE: RENOVAÇÃO DA FROTA FICA SEMPRE NO PAPEL

Uma das justificativas esfarrapadas dos empresários para dar um ar de legitimidade ao reajuste ilegal das tarifas é a necessidade e a promessa de renovação das frotas. Isso inclusive foi o que ficou firmado entre a PMB e os empresários quando do último aumento, há exatos 14 meses. Entretanto, não é isso que a população tem visto. De lá para cá, apenas 136 novos veículos foram inseridos na frota, num total de 1.861, representando um índice de renovação de apenas 8,5%, quando o mínimo exigido é de 20% da frota renovados por ano.
Outro detalhe que revela a indiferença dos empresários com o bom atendimento dos usuários é que, além da frota sucateada, a reposição de peças dos veículos em circulação não é feita com peças novas, e sim usadas, de veículos que já estão fora de circulação. Em alguns veículos, além das péssimas condições de funcionamento, a limpeza é outro item reprovado. Conforme relato de passageiros, em alguns ônibus que circulam na Augusto Montenegro, a viagem é feita ao lado de baratas que “moram” embaixo dos assentos. Alguns veículos são tão velhos que seus motoristas já sabem que irão “dar prego”. É comum ver diariamente em Belém ônibus quebrados, o que tem gerado enormes engarrafamentos e filas de trabalhadores desesperados para não chegarem atrasados no trabalho.
Não obstante todo esse quadro de abandono, a patronal voltará novamente a prometer, como numa encenação teatral, a renovação da frota e a melhora no atendimento à população, como recompensa por mais um aumento que quer impor à população.

QUEM PAGARÁ A CONTA? PARA DIEESE, AUMENTO VAI “SOBRAR PARA O POBRE”

Roberto Sena, diretor técnico do Dieese considerou um absurdo a proposta dos empresários de reajuste de 28%. Ele lembrou que, apesar da choradeira empresarial, só no ano passado foram concedidos dois aumentos de preços, sendo um abril, para R$ 1,25, e outro em agosto, para R$ 1,35. Esse seria um terceiro aumento acima da inflação. Para se ter uma idéia do absurdo que é essa proposta, basta lembrar que de agosto de 2006 para cá a inflação ficou em torno de 3,85%. Segundo dados do órgão, um aumento para R$ 1,73 vai obrigar, ao trabalhador que pega um ônibus para ir e outro para voltar do trabalho, a gastar R$ 3,44 por dia, R$ 20,64 por semana e R$ 82,56 por mês, o que provocaria, no valor do salário mínimo de hoje (R$ 380,00) um impacto de 21,72% sobre a remuneração, só com transporte. Atualmente, esse impacto é de 17,05%. Roberto Sena acredita que o trabalhador já gasta muito com transporte: “O que não pode ocorrer é um aumento nesta magnitude porque vai sobrar para o pobre, que é quem realmente anda de ônibus”.

ENTIDADES ENTRAM NO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA O AUMENTO DE PASSAGENS


Foi protocolado no dia 12/01/2007 pelo Sintsep-PA, pelo Sintram e pelo Diretório Central dos Estudantes da UFPa (DCE) um pedido de providência do Ministério Público acerca do reajuste de tarifas protocolado pelos empresários de ônibus junto à CTBel.
No mesmo pedido feito pelas entidades, também foi exigido que o Ministério Público se posicione quanto à renovação da frota circulante na Região Metropolitana de Belém, o desrespeito por parte dos donos de ônibus (que, segundo o SINTRAM, estão limitando o uso da meia-passagem estudantil, das gratuidades, em especial dos idosos, oficiais de justiça, carteiros, etc.) e do cumprimento dos horários dos ônibus, bem como da falta de coletivos que atendam os bairros mais afastados do grande centro.
O promotor Waldir Macieira da Costa Filho encaminhou oficio às três entidades informando de seu pedido de informações acerca dos problemas junto à CTBel, que por sua vez respondeu que tudo vai bem e que está operando no sentido de “resolver os problemas existentes no transporte urbano”.
Infelizmente, o Ministério Público, sendo conhecedor, através de inúmeras matérias veiculadas em jornais de nosso Estado que tratam do caos em que se encontra o sistema de transporte coletivo, não tomou nenhuma providência no sentido de garantir o direito constitucional da população de se locomover, bem como não se posicionou quanto à solicitação de aumento abusivo das passagens de ônibus requerido pelos empresários. As entidades não se deram por satisfeitas e provocarão novamente o Ministério Público, dessa vez, a Procuradoria Geral do Estado, no sentido de garantir uma solução para o problema.

Enquête do BLOG: NA LUTA CONTRA O AUMENTO: O QUE VOCÊ ACHA DO TRANSPORTE COLETIVO EM NOSSA CIDADE?

“Eu acho um absurdo, pois a gente trabalha tanto e não consegue um reajuste tão grande quanto esse, e os empresários, que prestam um serviço de qualidade duvidosa, conseguem vários reajustes, um atrás do outro; é por isso que esse país não vai pra frente, pois o governo só ajuda aqueles que vivem à custa do trabalho dos outros, o que é o nosso caso. Espero que a Prefeitura não conceda mais esse aumento absurdo aos empresários”. José Reis (líder comunitário, bairro do Guamá)

“Se nós não fizermos nada, não tenha dúvida de que o prefeito vai dar mais esse aumento. Infelizmente os mais prejudicados seremos nós, trabalhadores que dependemos de ônibus todos os dias. Eu, por exemplo, além de pagar caro (pois ganho pouco), ainda tenho que pegar ônibus lotado toda vez, e o pior é que são ônibus barulhentos e que vivem caindo aos pedaços. Se esses empresários ao menos investissem nos ônibus, mas eles só querem é ficar mais ricos”. (Dona Maria, dona de casa, Águas Lindas, Ananindeua).

“Nós já barramos esse aumento uma vez e vamos lutar quantas vezes forem necessárias para barrá-lo de novo, pois esta é um luta nacional dos estudantes, inclusive aprovada em Encontro Nacional. Para nós, lutar contra o aumento das tarifas é uma forma de sobrevivência, pois dependemos de vários ônibus para ir e voltar da universidade; também continuaremos lutando contra toda e qualquer restrição ao nosso direito à meia-passagem, pois sabemos que essa história de que as empresas estão no vermelho é uma falácia.” (Fernanda Bandeira, Estudante universitária e coordenadora do DCE/UFPA, Jurunas.)

ALGUMAS MEDIDAS PARA MELHORAR O SISTEMA DE TRANSPORTE

Para acabar com o caos no transporte na Região Metropolitana, muita coisa precisa ser feita. Mas uma coisa é certa, o sistema tem que ser administrado de forma democrática e levando em conta o seu aspecto social. Para isso, a população usuária precisa organizar-se para intervir nesse processo. Essa organização passa pela construção de um Fórum do Transporte, constituído pelos trabalhadores, estudantes e demais usuários, um espaço em que se possa discutir e apresentar propostas que venham democratizar as decisões a respeito do transporte urbano, hoje restritas à CTBel e ao Conselho Municipal de Transporte, que sempre apóiam os empresários. Para isso é urgente a democratização destes Conselhos (de Belém e demais municípios da RM), através de eleição direta para escolha de seus representantes, e não pela simples indicação das entidades, muitas das quais só existem no papel e não tem atuação nos movimentos sociais.
Também é necessário a realização de auditorias que demonstrem da forma mais transparente possível os mecanismos e critérios de elaboração das planilhas apresentadas pelos empresários à CTBel. Precisamos saber até que ponto os dados que nelas constam conferem com a realidade, e até que ponto estão servindo de base real para a composição do valor das tarifas.
Outro ponto importante é aumentar a fiscalização sobre a atividade das empresas para saber se estão cumprindo com as cláusulas dos contratos firmados junto às Prefeituras. Não podemos esquecer, o transporte coletivo é um serviço público, cujo titular é o Poder Público (prefeituras); as empresas recebem apenas delegações periódicas para exercê-lo. Hoje essa fiscalização é muito “boazinha” com as empresas, o que fez com que a situação chegasse a esse caos. Alguns itens precisam de fiscalização urgente, como: cumprimento dos horários das linhas; quantidade de ônibus disponíveis para cada linha; condições de funcionamento e trafegabilidade dos veículos. Além desses outros itens que devem ser fiscalizados com mais rigor.
Indexação social da tarifa – Frequentemente, os empresários alegam que Belém é uma das cidades que têm a tarifa de transporte mais baixa do país. Eles só não dizem que a capital do Pará também é uma das cidades que tem um dos maiores índices de desemprego e desigualdade social do país, além de um custo de vida relativamente acima da média. Portanto, esse é um falso argumento, pois o aumento do preço das tarifas só aumenta a exclusão social, fazendo com que muitos pais de família, desempregados ou subempregados, consumam parte cada vez maior de sua renda com transporte. Alguns deixam de usar o ônibus, optando pela bicicleta, ou mesmo indo a pé ao trabalho. Dessa forma, no debate sobre o valor das tarifas, não se pode desprezar a baixa renda da grande maioria da população usuária, que são os trabalhadores e estudantes. Por isso, qualquer reajuste de tarifas (quando acompanhado efetivamente de melhoria no atendimento) não pode ultrapassar a inflação do período, e levar em conta também o renda per capita da população usuária, que já paga vários impostos e tem direito a um transporte coletivo de qualidade.
Em relação aos trabalhadores rodoviários, a melhoria do sistema de transporte passa pela valorização profissional da categoria, com reajuste salarial digno, que mantenha o poder aquisitivo dos trabalhadores. Outra necessidade da categoria é que a DRT faça uma operação “pente-fino” para saber como estão as condições de trabalho nas empresas, pois são inúmeras as denúncias feitas pela categoria, até mesmo na imprensa: jornada dupla, atraso nos pagamentos de férias e horas extras, falta de banheiros e água potável nas garagens e finais de linha, sem contar no famigerado pagamento obrigatório de assaltos e multas, o que já foi considerado ilegal pelo TST, que determinou não só o ressarcimento do dinheiro pago, bem como indenização por dano moral ao cobrador.

Somente a municipalização dos transportes coletivos e o controle e fiscalização dos usuários desse serviço, pode dar um basta nos desmandos dos donos de empresas de ônibus. De forma imediata o poder público, em especial as prefeituras, devem intervir em todas as empresas que se negarem a melhorar a situação, abrir novas licitações e regulamentar de vez os transportes alternativos como mecanismo de garantir a população seu direito constitucional de ir e vir e a qualquer hora, usurpado pelos empresários desse setor.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA - A ECONOMIA MUDA DE PELE.

Núcleo de Educação Popular - 13 de Maio São Paulo, SP.
CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
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criticasemanal@uol.com.br
ANO 21; nº. 28; 4ª semana de julho 2007.

A ECONOMIA MUDA DE PELE.
As crescentes ondas de investimento externo direto no Brasil são parte de um novo processo de longa-duração de concentração e de centralização do capital, que ocorre de maneira especial neste novo território econômico globalizado e nas suas relações com as demais economias da área latino-americana.
José Martins.
Os investimentos externos diretos (IEDs) na economia chinesa sempre superam os que são direcionados para a economia brasileira, certo? Nem sempre. Primo pobre dos BRICs[1], em eterna desvantagem nas comparações econômicas com a China, o Brasil surpreendeu e subiu pela primeira vez ao topo do pódio do campeonato mundial de destino de IEDs. No último mês de junho, entraram US$ 10,3 bilhões no Brasil e “apenas” US$ 6,6 bilhões no dragão asiático.
No acumulado do ano, a diferença ainda é favorável à China, que recebeu quase US$ 32 bilhões, cerca de 35% mais que o Brasil. Esses resultados recordes de junho não vão se repetir com freqüência. Grande parte desse volume recorde no mês refere-se a algumas grandes operações envolvendo duas ou três grandes empresas. A compra de ações da filial brasileira da siderúrgica Arcelor pela gigante indiana Mittal, por exemplo, respondeu sozinha pelo ingresso de cerca de US$ 5 bilhões.
Mas o que vale é a tendência de médio e longo-prazo. O que aparece com muita clareza é uma nova tendência de grandes volumes de investimentos externos diretos sendo direcionados para o Brasil. No acumulado de 2007, até junho, a entrada desses investimentos estrangeiros já supera US$ 20 bilhões. Quase três vezes o volume contabilizado no mesmo período de 2006, que não passou de US$ 7,38 bilhões.
A previsão do governo para os doze meses de 2007 ainda é de US$ 25 bilhões. Essa previsão pode ser concretamente superada já neste mês de julho, cujas entradas já passavam de US$ 3 bilhões, até o dia 23. O Banco Central prevê entradas de US$ 3,5 bilhões até o dia 31. O mais provável é que o volume de IEDs feche este ano bem acima dos US$ 32,261 bilhões contabilizados nos últimos doze meses terminados em junho. Seria um recorde histórico.

ALÉM DA CONJUNTURA – Mantidos os ventos atuais da economia mundial, esses recordes de investimentos externos no setor real da economia serão batidos progressivamente. Acontece que, a partir de agora, o investimento externo direto no Brasil faz parte de um processo com caráter estrutural e com qualidade diferente do que ocorria até 2000. Até o final da década passada, esses IEDs eram atraídos quase que exclusivamente pelas privatizações das grandes empresas públicas, e se localizavam em sua maioria nas áreas de serviços. Agora são direcionados para setores e empresas privadas. Principalmente para as empresas industriais. Isso é o mais importante, a maior parte desses fluxos financeiros é direcionada para a esfera da produção, mais do que para as esferas improdutivas da circulação. Essa mudança é comprovada pelas estatísticas do Banco Central, que mostram 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas de investimentos) ocorridos no primeiro semestre sendo canalizados para a indústria. Em 2001, dado mais antigo disponível, foi de 31%[2].
Como uma mudança de pele, a tendência de longo-prazo dessa onda de investimentos externos na nova indústria brasileira é de crescer. Seu único limite é a superprodução e a crise global. Assim, embora os fluxos de investimentos diretos estejam neste momento crescendo em todas as partes do mercado mundial apenas como um efeito conjuntural do atual período de expansão cíclica global, no Brasil essas crescentes ondas de IEDs são comandadas por um novo processo de longa-duração de concentração e de centralização do capital. Esse processo totalizante ocorre de maneira particular neste novo território econômico globalizado brasileiro e nas suas relações com os demais territórios nacionais da área latino-americana[3]. Em nosso próximo boletim trataremos de outros movimentos concretos e dados empíricos que ilustram melhor o sentido dessa mudança estrutural.
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[1] BRICs: sigla criada pelos capitalistas do mercado financeiro internacional, formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, para designar o grupo das maiores economias emergentes do sistema global.
[2] Valor Econômico – “Crescem os investimentos diretos”, 24/07/2007 – www.valoronline.com.br
[3] Vejam, por exemplo, como o conhecido jornal de negócios El Cronista Comercial, da Argentina, retrata o movimento de penetração das empresas brasileiras naquela economia:
“Brasil dá goleada nos negócios. Além do futebol, o Brasil também dá goleada no campo da economia”, diz na terça-feira, 17/julho, uma matéria do jornal econômico argentino. Sob o título ‘Também nos negócios a goleada é brasileira”, o jornal argentino retrata o crescente investimento de firmas brasileiras na economia vizinha, sobretudo na compra de concorrentes. O texto chega a afirmar que a capital argentina, Buenos Aires, “virou uma sucursal do Rio de Janeiro”. E mais: “Nos últimos anos, os industriais brasileiros se apossaram dos sapatos que os argentinos calçam, da cerveja que bebem, da carne que comem, da gasolina que abastecem seus carros, do cimento com que constroem suas casas. Depois de uma fase inicial de grandes compras (Quilmes, PeCom, Loma Negra, Swift), as empresas desse país se expandem na economia local com a velocidade de um lateral do outra vez campeão da Copa América”. (BBCBrasil.com, 17/7/2007,
www.bbc.co.uk/portuguese ).

Aviação comercial brasileira hoje: caos, não. Incompetência mesmo!

18/07/2007
Aviação comercial brasileira hoje: caos, não. Incompetência mesmo!

Em que pese à comoção provocada pela tragédia ocorrida nesta terça-feira (17/07) com a aeronave da TAM, no aeroporto de Congonhas, é fundamental alertarmos a opinião pública, para que encare o cenário caótico, instalado no setor aéreo brasileiro, como prova da incompetência administrativa e operacional dos órgãos e “autoridades” responsáveis por sua regulação e fiscalização .
Do contrário, acabarão convencendo os cidadãos-contribuintes, usuários do transporte aéreo, de que os problemas ora verificados – aliás, com freqüência inadmissível - são aceitáveis ou contornáveis. A verdade é que, num ambiente aéreo saudável, jamais seriam sequer tolerados e muito menos “compreendidos”.
Para nós, trabalhadores da aviação comercial, o acidente de ontem, tanto quanto a colisão entre o 737 da GOL e o Legacy, em setembro de 2006, as sucessivas derrapagens de aeronaves, os atrasos e cancelamentos de vôos, ou a venda de passagens além da capacidade das aeronaves (overbooking), não são fatos isolados. Compõem, isto sim, o quadro de desorganização generalizada, imposta ao setor pela incompetência dos que deveriam garantir uma aviação confiável e segura.
Infelizmente, um conjunto de fatores nocivos vem provocando, já há algum tempo, a deterioração da infra-estrutura e das condições de segurança do setor aéreo no País.
O corte absurdo de recursos financeiros; o sucateamento de instalações e equipamentos; o descaso com o preparo e as condições de trabalho do pessoal responsável pelo controle dos vôos; a imposição de uma agência reguladora (Anac) que não possui sequer orçamento próprio ou diretoria conhecedora das sutilezas e necessidades do setor.
Uma agência reguladora que está mais a serviço das empresas aéreas do que salvaguardar os interesses do país e do cidadão contribuinte que é usuário do transporte aéreo.
Todos esses elementos foram se somando a outros, ainda mais traumáticos, como “deixar falir” uma Varig S/A, para que o “mercado” se encarregasse de absorver os lucros, enquanto ao restante da sociedade reservaram as perdas e os danos, inclusive os milhares de postos de trabalho extintos e a confessa liquidação fraudulenta de um fundo de pensão que expõe à miserabilidade milhares de famílias.
O desmonte da maior empresa de aviação da América Latina, cuja correção operacional era reconhecida mundialmente, foi uma prévia do que pode acontecer, quando se trata como assunto político aquilo que deve ser puramente técnico.
Faltou lisura, profissionalismo e respeito. Sobraram indicações e apadrinhamentos, além de fórmulas mirabolantes para arrecadar o dinheiro indispensável a “fazer funcionar” a Anac, que não tinha sequer recursos previstos no orçamento da União. Neste aspecto, aliás, sofrem hoje os pilotos brasileiros, obrigados a pagar quase dois mil reais a cada renovação de suas licenças de vôo – valor quase dez vezes maior do que pagavam há cerca de um ano (!).
Temos, então, uma Infraero que cobra aluguéis exorbitantes pelo estacionamento das aeronaves, além das incontáveis taxas aeroportuárias, enquanto remodela as fachadas dos aeroportos, mas não zela pelos dispositivos técnicos destinados a dar mais segurança aos pousos e decolagens.
Temos uma Aeronáutica esvaziada, desprovida de autoridade e de mecanismos de autogestão, dividida entre um último esforço para regularizar o caos do setor e a consciência de que qualquer trabalho técnico poderá ser desmontado, a qualquer momento, por um decreto ou ato administrativo do governo federal.
E temos uma agência reguladora que não regula nem fiscaliza, não exige, não acompanha – mas transfere para as companhias aéreas a ira dos cidadãos-usuários-contribuintes, quando estes são vítimas de atrasos, maus tratos ou, em situações extremas, de tragédias como as recentes.
A verdade é que conseguiram desestabilizar um dos últimos setores que atuavam com segurança no Brasil – o setor aéreo. E a nós, trabalhadores e cidadãos, o que ainda nos falta? Certamente, a consciência de que autoridades, eleitas ou indicadas, devem atuar de forma competente para melhorar o modo de vida dos cidadãos. E a cobrança efetiva, pelos cidadãos-contribuintes, do retorno de cada centavo de imposto pago, sob a forma de bem-estar e, principalmente, segurança.
Basta de incompetência! Aviação precisa de segurança e eficiência operacional.
Até quando, senhor presidente?

Trabalhadores do Grupo Varig
RJ, 18/07/2007

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Matança em Congonhas


O governo Lula e as empresas não têm interesse em proteger a vida dos passageiros
Babá – Membro da Executiva Nacional do PSOL



O país está de luto. Manifestamos toda nossa solidariedade aos familiares das vitimas nesse momento tão difícil. Virou expressão comum afirmar que esta foi uma “tragédia anunciada”. Efetivamente, pese a que Lula, a Anac, a Aeronáutica, o Brigadeiro Juniti Saito, a Infraero e a TAM tentem jogar a culpa uns nos outros é um fato que todos eles são responsáveis pelo assassinato de mais de 200 pessoas no aeroporto de Congonhas (SP), sendo sem dúvida o governo federal o principal responsável.
O “caos” da aviação, o da segurança pública, o da saúde ou o da educação são o resultado de uma política aplicada desde o governo federal, que sucateia os serviços públicos para cumprir com as metas de superávit primário e pagar assim os absurdos juros ao sistema financeiro.
Como se explica que, enquanto o número de passageiros, de 1995 para 2005 aumentou de 23 para 48,5 milhões, o investimento do governo federal em segurança aérea diminuiu de 442 milhões em 2004 para 285 em 2005? Pior ainda, levantamento da ONG Contas Abertas, mostrou em 2006, que o Fundo Aeronáutico, composto por taxas cobradas dos passageiros, “tem saldo de R$ 1,87 bilhão na conta do Tesouro. Os recursos estão sendo contingenciados para que o governo possa cumprir o superávit primário...”
Esta é a lógica da política neoliberal seguida à risca pelo governo Lula, dando continuidade à iniciada com Collor e FHC. Os aeroportos foram “modernizados” com pesados investimentos que deram lugar a numerosas denúncias de corrupção nunca esclarecidas pela Infraero nem pelo governo. Mas os investimentos foram “perfumaria”, pois o objetivo foi aumentar as lojas, os shopings, as salas Vips e o lucro das empresas e não investir na infra-estrutura necessária para garantir a segurança dos vôos e a vida dos passageiros e trabalhadores do setor.

Os controladores tinham razão!

Os que alertaram desta situação foram os controladores aéreos, com suas greves e protestos após o trágico acidente com o avião da GOL em 29 de setembro do ano passado. Mas pela implacável lógica da política neoliberal que só busca o lucro dos empresários e as negociatas do governo, suas lideranças foram castigadas e hoje ou estão na prisão ou demitidas, enquanto que a Força Aérea, seus comandantes e brigadeiros (que os mandaram prender) tiram o corpo fora da atual tragédia como se nada tivessem a ver.
Os controladores lutaram não só pelo seu salário, o que tinham e têm pleno direito. Mas foram eles os que denunciaram as jornadas de trabalho estressantes a que são submetidos pela sobrecarga de tarefas, com baixos salários e sob regime militar. Enquanto as regras internacionais recomendam que cada operador controle no máximo 14 aviões em vôo, no nosso país chega até a 20, levando a um alto grau de tensão e elevando o risco de acidentes.
As companhias aéreas aumentaram os vôos até o limite e não aceitam reduzir a malha aérea brasileira, visto que reduziria seu lucro. O Ministro da Defesa continua nas nuvens. Lula se preocupa pelas vaias que recebe ao invés de se preocupar com as causas que as provocam, e continua trabalhando para pagar aos banqueiros. A Anac e a Infraero nada resolvem, enquanto que as Comissões de investigação e apuração montadas no Congresso Nacional mostraram sua completa inoperância e desinteresse em proteger a vida dos passageiros.

Comissão Investigadora Independente e punição exemplar para os responsáveis!

Este brutal acontecimento e a dor pela perda de tantas vidas não podem passar em vão. È possível mudar a situação se os trabalhadores e os passageiros, a população e os usuários tomam em suas mãos e encampam a luta por justiça e segurança nos vôos.
É hora de organizar uma comissão com os familiares das vítimas da imprevidência e da irresponsabilidade governamental e empresarial. Com os trabalhadores do setor e suas organizações: com os controladores, pilotos, aeromoças, pessoal de terra, técnicos, etc. Sabemos que o Sindicato Nacional dos Aeronautas quer participar da investigação. Outros setores como os organismos de defesa dos Direitos Humanos, com certeza poderão vir a se somar. É necessária uma investigação independente e medidas urgentes de segurança.
Mas é de extrema urgência uma primeira medida: acabar com a impunidade pela quail os que cuidam da segurança de milhões vão presos em nome da “disciplina militar” enquanto seus comandantes são cúmplices da política criminosa do governo federal. Liberdade para os controladores presos! Reintegração dos afastados! Prisão para os responsáveis por este novo massacre de mais de 200 pessoas!
Será desta forma, com muita luta e unidade entre os trabalhadores e os usuários que conseguiremos parar esta política irresponsável. Será também desta forma como conquistaremos que seja investido o dinheiro necessário em segurança e equipamentos, na contratação dos controladores e funcionários em número suficiente, em salários e jornadas de trabalho dignas para os trabalhadores do setor, para que o pesadelo da insegurança dos vôos acabe e nunca mais se repitam às tragédias anunciadas como a do avião da TAM em Congonhas.