Núcleo de Educação Popular - 13 de Maio São Paulo, SP.
CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
Tel. (11) 8201 6059 ou (11) 92357060
e-mail: criticasemanal@uol.com.br
ANO 21; nº. 28; 4ª semana de julho 2007.
CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA
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ANO 21; nº. 28; 4ª semana de julho 2007.
A ECONOMIA MUDA DE PELE.
As crescentes ondas de investimento externo direto no Brasil são parte de um novo processo de longa-duração de concentração e de centralização do capital, que ocorre de maneira especial neste novo território econômico globalizado e nas suas relações com as demais economias da área latino-americana.
José Martins.
Os investimentos externos diretos (IEDs) na economia chinesa sempre superam os que são direcionados para a economia brasileira, certo? Nem sempre. Primo pobre dos BRICs[1], em eterna desvantagem nas comparações econômicas com a China, o Brasil surpreendeu e subiu pela primeira vez ao topo do pódio do campeonato mundial de destino de IEDs. No último mês de junho, entraram US$ 10,3 bilhões no Brasil e “apenas” US$ 6,6 bilhões no dragão asiático.
No acumulado do ano, a diferença ainda é favorável à China, que recebeu quase US$ 32 bilhões, cerca de 35% mais que o Brasil. Esses resultados recordes de junho não vão se repetir com freqüência. Grande parte desse volume recorde no mês refere-se a algumas grandes operações envolvendo duas ou três grandes empresas. A compra de ações da filial brasileira da siderúrgica Arcelor pela gigante indiana Mittal, por exemplo, respondeu sozinha pelo ingresso de cerca de US$ 5 bilhões.
Mas o que vale é a tendência de médio e longo-prazo. O que aparece com muita clareza é uma nova tendência de grandes volumes de investimentos externos diretos sendo direcionados para o Brasil. No acumulado de 2007, até junho, a entrada desses investimentos estrangeiros já supera US$ 20 bilhões. Quase três vezes o volume contabilizado no mesmo período de 2006, que não passou de US$ 7,38 bilhões.
A previsão do governo para os doze meses de 2007 ainda é de US$ 25 bilhões. Essa previsão pode ser concretamente superada já neste mês de julho, cujas entradas já passavam de US$ 3 bilhões, até o dia 23. O Banco Central prevê entradas de US$ 3,5 bilhões até o dia 31. O mais provável é que o volume de IEDs feche este ano bem acima dos US$ 32,261 bilhões contabilizados nos últimos doze meses terminados em junho. Seria um recorde histórico.
ALÉM DA CONJUNTURA – Mantidos os ventos atuais da economia mundial, esses recordes de investimentos externos no setor real da economia serão batidos progressivamente. Acontece que, a partir de agora, o investimento externo direto no Brasil faz parte de um processo com caráter estrutural e com qualidade diferente do que ocorria até 2000. Até o final da década passada, esses IEDs eram atraídos quase que exclusivamente pelas privatizações das grandes empresas públicas, e se localizavam em sua maioria nas áreas de serviços. Agora são direcionados para setores e empresas privadas. Principalmente para as empresas industriais. Isso é o mais importante, a maior parte desses fluxos financeiros é direcionada para a esfera da produção, mais do que para as esferas improdutivas da circulação. Essa mudança é comprovada pelas estatísticas do Banco Central, que mostram 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas de investimentos) ocorridos no primeiro semestre sendo canalizados para a indústria. Em 2001, dado mais antigo disponível, foi de 31%[2].
Como uma mudança de pele, a tendência de longo-prazo dessa onda de investimentos externos na nova indústria brasileira é de crescer. Seu único limite é a superprodução e a crise global. Assim, embora os fluxos de investimentos diretos estejam neste momento crescendo em todas as partes do mercado mundial apenas como um efeito conjuntural do atual período de expansão cíclica global, no Brasil essas crescentes ondas de IEDs são comandadas por um novo processo de longa-duração de concentração e de centralização do capital. Esse processo totalizante ocorre de maneira particular neste novo território econômico globalizado brasileiro e nas suas relações com os demais territórios nacionais da área latino-americana[3]. Em nosso próximo boletim trataremos de outros movimentos concretos e dados empíricos que ilustram melhor o sentido dessa mudança estrutural.
No acumulado do ano, a diferença ainda é favorável à China, que recebeu quase US$ 32 bilhões, cerca de 35% mais que o Brasil. Esses resultados recordes de junho não vão se repetir com freqüência. Grande parte desse volume recorde no mês refere-se a algumas grandes operações envolvendo duas ou três grandes empresas. A compra de ações da filial brasileira da siderúrgica Arcelor pela gigante indiana Mittal, por exemplo, respondeu sozinha pelo ingresso de cerca de US$ 5 bilhões.
Mas o que vale é a tendência de médio e longo-prazo. O que aparece com muita clareza é uma nova tendência de grandes volumes de investimentos externos diretos sendo direcionados para o Brasil. No acumulado de 2007, até junho, a entrada desses investimentos estrangeiros já supera US$ 20 bilhões. Quase três vezes o volume contabilizado no mesmo período de 2006, que não passou de US$ 7,38 bilhões.
A previsão do governo para os doze meses de 2007 ainda é de US$ 25 bilhões. Essa previsão pode ser concretamente superada já neste mês de julho, cujas entradas já passavam de US$ 3 bilhões, até o dia 23. O Banco Central prevê entradas de US$ 3,5 bilhões até o dia 31. O mais provável é que o volume de IEDs feche este ano bem acima dos US$ 32,261 bilhões contabilizados nos últimos doze meses terminados em junho. Seria um recorde histórico.
ALÉM DA CONJUNTURA – Mantidos os ventos atuais da economia mundial, esses recordes de investimentos externos no setor real da economia serão batidos progressivamente. Acontece que, a partir de agora, o investimento externo direto no Brasil faz parte de um processo com caráter estrutural e com qualidade diferente do que ocorria até 2000. Até o final da década passada, esses IEDs eram atraídos quase que exclusivamente pelas privatizações das grandes empresas públicas, e se localizavam em sua maioria nas áreas de serviços. Agora são direcionados para setores e empresas privadas. Principalmente para as empresas industriais. Isso é o mais importante, a maior parte desses fluxos financeiros é direcionada para a esfera da produção, mais do que para as esferas improdutivas da circulação. Essa mudança é comprovada pelas estatísticas do Banco Central, que mostram 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas de investimentos) ocorridos no primeiro semestre sendo canalizados para a indústria. Em 2001, dado mais antigo disponível, foi de 31%[2].
Como uma mudança de pele, a tendência de longo-prazo dessa onda de investimentos externos na nova indústria brasileira é de crescer. Seu único limite é a superprodução e a crise global. Assim, embora os fluxos de investimentos diretos estejam neste momento crescendo em todas as partes do mercado mundial apenas como um efeito conjuntural do atual período de expansão cíclica global, no Brasil essas crescentes ondas de IEDs são comandadas por um novo processo de longa-duração de concentração e de centralização do capital. Esse processo totalizante ocorre de maneira particular neste novo território econômico globalizado brasileiro e nas suas relações com os demais territórios nacionais da área latino-americana[3]. Em nosso próximo boletim trataremos de outros movimentos concretos e dados empíricos que ilustram melhor o sentido dessa mudança estrutural.
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Vinte anos informando e educando a classe trabalhadora!
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[1] BRICs: sigla criada pelos capitalistas do mercado financeiro internacional, formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, para designar o grupo das maiores economias emergentes do sistema global.
[2] Valor Econômico – “Crescem os investimentos diretos”, 24/07/2007 – www.valoronline.com.br
[3] Vejam, por exemplo, como o conhecido jornal de negócios El Cronista Comercial, da Argentina, retrata o movimento de penetração das empresas brasileiras naquela economia:
“Brasil dá goleada nos negócios. Além do futebol, o Brasil também dá goleada no campo da economia”, diz na terça-feira, 17/julho, uma matéria do jornal econômico argentino. Sob o título ‘Também nos negócios a goleada é brasileira”, o jornal argentino retrata o crescente investimento de firmas brasileiras na economia vizinha, sobretudo na compra de concorrentes. O texto chega a afirmar que a capital argentina, Buenos Aires, “virou uma sucursal do Rio de Janeiro”. E mais: “Nos últimos anos, os industriais brasileiros se apossaram dos sapatos que os argentinos calçam, da cerveja que bebem, da carne que comem, da gasolina que abastecem seus carros, do cimento com que constroem suas casas. Depois de uma fase inicial de grandes compras (Quilmes, PeCom, Loma Negra, Swift), as empresas desse país se expandem na economia local com a velocidade de um lateral do outra vez campeão da Copa América”. (BBCBrasil.com, 17/7/2007, www.bbc.co.uk/portuguese ).
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