domingo, 29 de julho de 2007

EMPRESÁRIOS DE ÔNIBUS QUEREM TARIFA DE R$ 1,73

Transporte
Mas Ctbel defende reajuste menor. O aumento vai ser discutido no dia 2.

Na próxima quinta-feira, 2, o Conselho Municipal de Transporte de Belém reúne-se para discutir o reajuste das tarifas de ônibus urbanos da capital paraense. O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Belém (Setransbel) quer que o valor aumente de R$ 1,35 para R$ 1,73. A proposta da Companhia de Transportes do Município de Belém (Ctbel) é R$ 1,66. Fontes ligadas ao prefeito Duciomar Costa garantem, no entanto, que o novo valor da tarifa deve ficar em R$ 1,55.

A planilha de custos do Setransbel já foi protocolada na Ctbel e estabelece o valor de R$ 1,73, o que representa um reajuste de 28% no preço da tarifa. A justificativa do setor patronal para esta proposta é a defasagem do valor atual frente ao aumento de custos dos varios itens que compõem a planilha, com destaque para os combustíveis. Na sexta-feira, 27, a Ctbel apresentou a sua planilha técnica, com proposta de R$ 1,66 para o valor da passagem, um reajuste de 23% em relação ao atual. A reunião do conselho municipal foi convocada pela Ctbel para às 10 horas de quinta-feira. A idéia é que os membros do conselho discutam e, se possível, definam o valor da nova tarifa que será posteriormente encaminhada ao prefeito para a homologação.

De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) do Pará, Roberto Sena, o que chama a atenção nas duas propostas apresentadas é o percentual dos reajustes propostos e a diferença entre eles. 'A análise do Dieese do Pará é que as duas propostas ficam bem acima da Inflação acumulada no período', explica Sena.

A inflação estimada pelo Dieese do Pará para o período de maio de 2006 - data do último ajuste aprovado, quando a passagem dos ônibus urbanos da capital passou de R$ 1,25 para R$ 1,35 - a julho deste ano atinge 3,85%. Caso esse percentual fosse aplicado para reajustar as tarifas o valor da passagem ficaria em, no máximo, R$ 1,40, o que já provocaria um impacto mensal de 17,68% sobre o salário mínimo, reajustado em abril por um percentual de 8,57%.

Segundo as analises do Dieese, as duas propostas de reajuste das tarifas de ônibus urbanos levam em consideração apenas o equilíbrio financeiro das empresas por meio da recomposição dos custos planilhados, mas nenhuma das propostas atende à Lei Orgânica do Município que prevê que a tarifa em Belém tem que levar em consideração o poder aquisitivo da população, mensurado principalmente pelos índices de inflação e de recomposição salarial. Caberá ao conselho, na reunião de quinta-feira, bater o martelo sobre a questão.

'É verdade que o reajuste apenas pela inflação fará com que a passagem de Belém continue a ser a mais baixa do País o que, sem dúvida alguma, não trará grandes mudanças no atual perfil do sistema de transporte da capital, mas é verdade também que reajustes acima do poder aquisitivo da população, além de trazerem prejuízos do ponto de vista de impactos no bolso dos assalariados, também não mudarão o atual sistema de transporte, caso sejam efetivados de forma isolada', avalia o supervisor técnico do Dieese. Para Sena, mais do que discutir valor de tarifa, o importante é estabelecer um sistema de transporte mais equilibrado e que corresponda às necessidades da população.

Matéria publicada no Jornal O Liberal em 28 de Julho de 2007